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R$ 250 por mês até a formatura
Daniela Dariano

Bolsa da Uerj para estudantes que entram pelo sistema de cotas é estendida para todo o curso

Rio - Os cotistas da Uerj podem comemorar a conquista de uma antiga reivindicação. A bolsa de incentivo ao estudo — R$ 250 mensais para quem entrou pelo sistema de reserva de vagas —, que até julho era dada apenas durante o primeiro ano de curso, será estendida até o dia da formatura. O mês passado já entra na nova regra e será pago por volta do dia 15 deste mês, informa a Sub-Reitoria de Graduação. Cerca de 7.800 estudantes serão beneficiados, inclusive quem está no último semestre.

“É um sucesso. Conseguimos o aumento do valor da bolsa, que passou de R$ 190 para R$ 250, e a ampliação de benefícios”, comemorou o reitor Ricardo Vieiralves.

A ampliação das bolsas do Programa de Iniciação Acadêmica para toda a duração do curso dos cotistas está prevista na nova Lei de Cotas (nº 5.230), sancionada pelo governador Sérgio Cabral em abril. “Mas também é fruto de negociação da Uerj com o governador. Ele poderia ainda regulamentar a lei. Mas conseguimos a liberação imediata dos recursos”, lembrou Vieiralves.

Para pagar a todos os alunos cotistas este ano, o governo estadual acabou de liberar R$ 7 milhões em recursos suplementares.

A Uerj fará a avaliação dos cadastros para identificar alunos que fazem jus ao auxílio. Nos próximos dias, serão definidos os detalhes sobre a distribuição das bolsas. Para Hilda Montes Ribeiro de Souza, diretora do Departamento de Projetos Especiais e Inovações, a bolsa facilitará a permanência dos alunos na universidade.

CONDIÇÕES PARA ESTUDO

A cotista Rachel Cabral da Silva, 23 anos, ficou animada com a notícia. Estudante do último ano de Geografia na Uerj de São Gonçalo, ela lembra que as dificuldades financeiras atrasaram a sua formatura. “Desde o terceiro período, eu estagiava no horário de algumas aulas porque precisava ganhar dinheiro. Muitos colegas abandonaram a faculdade por não ter dinheiro para alimentação, livros, xerox, passagens”, conta.

O sistema de cotas para ingresso nos cursos superiores da Uerj começou em 2002, com reserva de 50% das vagas para alunos de escolas estaduais. Depois de diversas modificações no sistema, a universidade passou a reservar 20% das vagas para alunos de escolas públicas, 20% para negros e 5% para deficientes físicos e minorias étnicas. Os candidatos precisam comprovar renda máxima de R$ 960 brutos por pessoa da família.

INTERESSE PELAS COTAS CAIU

A redução da procura por cotas para negros, alunos de escolas públicas, deficientes e minorias intriga autoridades. Para explicar o fenômeno — vagas antes muito disputadas estão agora ociosas —, a Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial, do Ministério da Igualdade Racial liberou R$ 250 mil. A verba vai patrocinar estudo do sistema de reserva de vagas desde sua implantação na Uerj, em 2003.

“Vamos fazer uma avaliação dos egressos cotistas, como estão no mercado de trabalho, e também uma avaliação qualitativa de todo o sistema”, contou o reitor. O estudo vai começar no mês que vem e deve estar concluído em menos de seis meses. “Legisladores e a universidade terão que fazer um debate”, alertou.

Segundo Vieiralves, a taxa de procura por vaga reservada era de 3,4 candidatos por cota. Hoje a relação é de 0,9. Ou seja, antes mesmo de qualquer avaliação para ingresso na universidade, há uma carência de pretendentes de 10%.


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