Folha Dirigida  -  Educação  -  pg. 07  -   12/8
Encontro na UERJ discutiu sistema de cotas sociais
Carol Vaisman

Na tarde de quinta-feira, dia 7, o auditório 11 da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) abrigou o 3º Encontro da Uerj e os Representantes dos Segmentos Contemplados pelo Sistema de Cotas. A platéia, formada por coordenadores de cursos pré-vestibular comunitários, alunos e professores da rede pública de ensino, era pequena, mas, durante três horas, muitas dúvidas foram esclarecidas sobre o sistema de cotas.

O objetivo dos organizadores do evento era, exatamente, tirar as dúvidas dos representantes dos segmentos beneficiados pelo sistema e divulgar o projeto de cotas. No dia, não foram discutidas possíveis mudanças no sistema ou nos editais.

Criado e implementado há cinco anos nas universidades públicas estaduais (Uerj e Uenf), o sistema de cotas ainda precisa ser difundido na sociedade. "Queremos passar a informação para um grupo cada vez maior de pessoas. Por isso a presença dos representantes foi tão importante nesse encontro. Queremos capacitá-los para que eles possam atuar como multiplicadores dessa informação sobre as cotas", afirmou a assistente social e uma das organizadoras do encontro Ivana Alves Machado.

Um grupo de alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Pedro II, unidade Realengo, embora muito jovem, estava presente no encontro e acompanhava, com atenção, as informações transmitidas no evento. "Ficamos sabendo como as cotas funcionam, mas o processo de candidatura é muito longo e a documentação necessária é muito grande", disse a estudante Rejane Oliveira.

De acordo com a coordenadora do Departamento de Seleção Acadêmica da Uerj (DSEA), Maria Inez Mello Guimarães, o processo tem que ser rigoroso porque muitas pessoas tentam burlar o sistema. "O alto nível de exigência pode parecer um fator que dificulta a candidatura do cotista. Mas temos que ser rigorosos quanto a documentação. É o único meio que temos para comprovar as informações e dados do candidato", explicou Maria Inez.

Integrante do grêmio estudantil do Colégio Pedro II, Ana Luisa Queiroz cursou o Ensino Fundamental em um colégio particular. Por causa disso, não poderá concorrer a uma vaga nas universidades estaduais como cotista. "Quanto a isso, a lei é clara. Os candidatos às cotas devem ter cursado de quinta à oitava série e o Ensino Médio em escolas da rede pública do estado do Rio de Janeiro. Muitas pessoas estavam vindo de outros estados para tentar entrar pelo sistema de cotas. O projeto é, exclusivamente, para moradores do estado do Rio e o principal critério de seleção é a carência", explicou Maria Inez.

Para a assistente social e também organizadora do evento Carla Kátia de Souza, as universidades estaduais já podem servir como modelo para a aplicação do sistema de cotas. No entanto, ela afirma que a política de permanência dos cotistas nas instituições ainda deve ser trabalhada.

"Há um afunilamento. Muitos alunos não conseguem sair do Ensino Médio. Os que completam o estudo, muitas vezes, não conseguem permanecer no ensino superior. Por isso, a procura dos estudantes pelas cotas diminuiu ao longo desses anos", analisou Carla. 


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