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UERJ avalia baixa adesão ao sistema de cotas
Da Redação

Rio - Primeira a adotar o sistema de reserva de vagas no país, em 2001, antes mesmo do estabelecimento da Lei das Cotas, a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) faz uma avaliação interna para melhor lidar com a questão.

Atualmente, a Uerj tem em torno de 6,35 mil alunos que ingressaram por meio das cotas, num universo de cerca de 20 mil. Uma das perguntas para as quais procura resposta é: por que cada vez menos cotistas se inscrevem no vestibular?

De 2003 a 2008, a procura caiu 75%, segundo a sub-reitora de graduação, Lená Menezes. Lená afirmou suspeitar que o ProUni (Programa Universidade para Todos), criado em 2005, que prevê a concessão de bolsas de estudo a estudantes pobres, seja um dos responsáveis pela queda no número de inscritos. Isso porque muitos alunos optam por estudar mais perto de casa para reduzir gastos com transporte.

"Num primeiro momento, existiu uma expectativa grande de que o ingresso na universidade, por si só, resolveria questões de injustiça social. Houve uma certa euforia", lembrou, ao justificar o elevado número de inscritos em 2003.

O grupo de trabalho criado pela Uerj começou a se reunir em março e não tem ainda conclusões sobre a análise. O objetivo da avaliação é entender o sistema e melhorar o acompanhamento dos cotistas e dos formados, agora que duas turmas concluíram a graduação.

"Queremos ver se eles estão mesmo em outros patamares de oportunidades", afirmou. As cotas valem em três universidades e institutos da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro). Na Uerj, funciona o Proiniciar (Programa de Iniciação Acadêmica), que visa a auxiliar os cotistas durante o curso.

Em oficinas de leitura e escrita, é oferecido reforço para quem precisar. Atividades culturais ajudam na inserção na vida acadêmica, conforme afirmou a sub-reitora de graduação da Uerj. Nos dois primeiros anos, todos recebem R$ 190 (para o restante do curso, a Uerj informa que não dispõe de verba, atualmente). Existe um plano de aumentar o valor para R$ 250.

Para o estudante de filosofia Cyro Garcia Júnior, na Uerj desde 2004, ainda seria pouco. "Tinha de ser um salário mínimo (R$ 415), pelo menos", disse ele, que, com os R$ 190, nem consegue pagar as passagens de ônibus de trem de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, até a Uerj, no Maracanã.

Garcia Júnior dá aulas na Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes), rede de pré-vestibulares comunitários, no centro, e ganha um salário mínimo. Em casa, ajuda os pais com R$ 100.


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