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Procuradoria vai rever lei de cotas em universidade no RJ

Lei estadual de 2003 guarda um dispositivo que prevê revisão depois de cinco anos. Comissão de procuradores do estado tem até o final do ano para avaliar o atual sistema.

A Procuradoria Geral do Estado do Rio criou uma comissão para avaliar propostas de alteração da lei que instituiu as cotas  para negros em universidades estaduais. Iniciativa pioneira no país, a lei estadual de 2003 guarda um dispositivo que prevê a sua revisão depois de cinco anos. A comissão de procuradores do estado tem até o final do ano para avaliar o atual sistema e recomendar possíveis alterações ao governador Sérgio Cabral (PMDB), que terá que enviar um novo projeto de lei à Assembléia Legislativa para que as cotas continuem valendo no Rio em 2009.

Para avaliar a experiência e ouvir os maiores interessados sobre o que precisa ser aperfeiçoado na lei de cotas do Rio, a Procuradoria realizou nesta segunda-feira (10) uma audiência pública sobre o assunto com militantes do movimento negro. A maior parte da platéia foi formada por jovens universitários ligados à Educafro, Organização Não-Governamental (ONG) que luta pela instituição de cotas em universidades e no mercado de trabalho em todo o país. Frei David, líder da ONG, informou que foi marcada para o dia 11 de abril uma audiência pública sobre as cotas no Supremo Tribunal Federal, onde tramitam ações questionando a constitucionalidade do instrumento.

A procuradora-geral do estado, Lucia Léa Guimarães Tavares, afirmou que o governo estadual tem a intenção de reeditar a lei para a manutenção das cotas e que ainda estuda outras formas de ação afirmativa, como a reserva de vagas no serviço público. Na própria Procuradoria, ele determinou que sejam aplicadas cotas para a contratação de estagiários e de estudantes de direito para o curso de residência jurídica da instituição.

"Particularmente acho a lei ótima. Tem funcionado no Rio e inspirou iniciativas semelhantes em todo o País. É possível que sejam feitas mudanças, mas nosso papel será apenas propô-las ao governo", disse Lúcia. Com a instituição de uma nova lei de cotas até o final de 2008, a expectativa dos procuradores é de que as ações diretas de inconstitucionalidade contra as cotas do Rio no STF percam o objeto. Os autores terão de iniciar novas ações. "Não há dúvidas sobre a constitucionalidade das cotas", argumentou Augusto Werneck, procurador do Estado que coordena a comissão que avalia a lei.

No sistema universitário público fluminense, são reservados 20% das vagas para negros, desde que de baixa renda, e 20% para oriundos de escolas públicas. Outros 5% são reservados para indígenas, deficientes e filhos de agentes de segurança mortos em serviço.


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