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Unesp adia projeto sobre cotas
Renata Cafardo escreve para “O Estado de SP”:

Criação de vaga para egresso da pública é criticada

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) decidiu adiar a votação ontem do projeto que criaria vagas exclusivas para alunos de escolas públicas no vestibular.

Se aprovado, a instituição seria a única entre as três universidades estaduais de São Paulo com um sistema parecido com o de cotas.

Ontem, durante reunião do Conselho Universitário, representantes de unidades se posicionaram contra o projeto e o reitor Marcos Macari decidiu então não colocá-lo em votação porque corria o risco de não ser aprovado.

Segundo Macari, um dos problemas apontados foi a falta de estrutura das unidades para receber mais alunos. Com o projeto, a Unesp criaria cerca de 700 novas vagas. Cada curso teria um número diferente de vagas a mais para o grupo de escola pública - que poderiam variar até dez.

Essa quantidade seria definida a partir de um cálculo que leva em conta o total de candidatos no vestibular vindos da rede pública e a porcentagem de aprovados.

A intenção da Unesp era chegar a 50% dos alunos com esse perfil - o índice hoje é de 36%. O projeto não prevê benefícios por raça, cor ou renda familiar.

“Algumas unidades, como a de Veterinária, por exemplo, têm salas para técnicas cirúrgicas em que existe um número de mesas específico para a quantidade de alunos”, disse o reitor. Entre as unidades que alegaram problemas de estrutura para receber mais alunos, estão também a de Medicina, a de Farmácia (Araraquara) e o Instituto de Biociências, em Botucatu.

Outros diretores também pediram que fossem consideradas as vagas ociosas, que surgem no segundo ano de curso, e que são disponibilizadas para transferências. Eles defenderam que elas sejam também apenas para estudantes de escolas públicas.

Houve ainda unidades como a de Engenharia (Guaratinguetá) e de Ciência e Tecnologia (Presidente Prudente) que informaram já terem aprovado a proposta internamente. “Talvez a gente chegue à conclusão de que só algumas unidades vão oferecer essas vagas”, diz Macari. “Mas está claro para todo mundo que a Unesp precisa fazer algo para a inclusão.”

Segundo ele, o projeto vai passar por debates e mudanças e pode voltar a ser votado em abril. Se aprovado, já valeria para o vestibular do fim do ano.

Polêmica

As cotas são um tema polêmico no Estado. As três universidades públicas estaduais (USP, Unesp e Unicamp) tradicionalmente se posicionam contra um sistema de reserva de vagas, principalmente com benefícios por raça. O ex-governador Geraldo Alckmin também se declarava desfavorável a esse tipo de medida.

Recentemente, USP e Unicamp criaram programas alternativos, que dão pontos a mais no vestibular para alunos de escolas públicas. As cotas são incentivadas pelo Ministério da Educação. São três federais no Estado: a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), de São Carlos (UFSCar) e do ABC (UFABC).
(O Estado de SP, 29/2)


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