Folha Dirigida  -  Educação  -  pg. 11  -   21/8
Fórum estudantil: Cotas como estratégia eleitoral

Uma lei recentemente aprovada pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) permite que, a partir desse ano, filhos de policiais, bombeiros e agentes penitenciários mortos em serviço possam ser beneficiados através do sistema de cotas em vigor na Uerj e na Uenf. Estudantes com este perfil serão incluídos no percentual de 5% reservado aos portadores de deficiência. Um novo projeto aponta também a reserva de um maior número de vagas nos vestibulares das instituições para a rede pública estadual. Na sua opinião, a política de cotas está virando oportunismo político?

"Certamente medidas como essa fazem com que seus idealizadores ganhem um eleitorado significativo e essa intenção é muito clara. O que as universidades públicas precisam é conseguir democratizar o acesso através de políticas voltadas à assistência estudantil. Essas políticas representam melhorias verdadeiras, já que auxiliam verdadeiramente a permanência dos estudantes nas instituições. A democratização é fundamental e não a criação de cada vez mais redutos que privilegiam determinados grupos, segmentando as pessoas e o direito à educação."
Daniel Soares, Coordenador do DCE da Uenf

"No que diz respeito às vagas destinadas aos alunos de escolas públicas a medida é coerente, já que o ensino oferecido por essas instituições é insuficiente. Porém, beneficiar os filhos desses trabalhadores é uma deturpação das ações afirmativas que tentamos implementar nas universidades. Entendo a importância desses serviços, mas esses estudantes não passam pelas mesmas dificuldades que os grupos historicamente aleijados como os negros, por exemplo, que enfrentam a discriminação racial por toda parte."
Gustavo Santana, Coordenador do DCE da Uerj

"Na minha opinião, o principal problema enfrentado pela política de cotas é a questão de não terem sido feitos debates acerca do assunto junto à comunidade acadêmica. As medidas vieram do governo e essa nova aprovação da Alerj que beneficia os filhos de trabalhadores que prestavam serviços ao Estado não foge a este princípio. Ações desse tipo fazem com que as universidades percam sua autonomia cada vez mais. A verdade é que falta vaga para todo mundo. Ocupar o percentual dos deficientes que já é tão restrito também não me parece justo."
Diogo Dantas, Coordenador do DCE da UFRJ


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