Há sete meses no cargo de reitor da UFF, o professor Roberto Salles comemora uma vitória: a aprovação de um bônus de 10% na nota final do vestibular para candidatos que tenham cursado todo o ensino médio nas redes municipal e estadual do país, além da criação de uma cota para professor da rede pública.
Quando assumiu a reitoria, Salles lamentou o fato de a universidade não ter tocado no assunto, nos últimos oito anos. Ele diz que o bônus faz parte de um projeto de inclusão social, que pode beneficiar estudantes independentemente da cor da sua pele.
O GLOBO: Por que dar bônus aos alunos de escolas municipais e estaduais? ROBERTO SALLES: Por causa da nossa visão social. Tínhamos o dever de proporcionar mais igualdade para o aluno de escola pública.
E o aluno de colégio federal? SALLES: Alunos dos colégios de aplicação da UFRJ e da Uerj, Cefets, Colégio Militar e Pedro II não serão privilegiados. Não é correto. O nível destes colégios é melhor do que o de outras escolas públicas.
E a cota para professor? SALLES: Serão reservadas 20% das vagas de pedagogia e das licenciaturas em matemática, física e química, para professores de ensino fundamental da rede pública. É política afirmativa. Se melhora o professor, melhora o ensino.
O senhor é contra cota racial? SALLES: A UFF não é contra nada. Achamos o bônus mais justo, atinge um leque maior, independentemente da cor.
Há quatro anos o reitor da UFRJ apresentou um projeto de inclusão social, que não saiu do papel. Foi fácil aprovar a proposta na UFF? SALLES: São universidades diferentes. Quem pode ser contra bônus? Cota para professor? Infelizmente, ficamos oito anos sem discutir a inclusão. Vamos observar os resultados e, se necessário, fazer ajustes.
Há preocupação com a permanência do aluno carente? SALLES: Teremos uma política de permanência. Temos excelência e não abrimos mão dela. O aluno que entrar graças ao bônus concorrerá às bolsas de assistência social, de monitoria, de pesquisa.
A UFF está debatendo o Reuni (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades)? SALLES: O que o Reuni propõe, a UFF já faz. Estamos em 19 municípios. Não precisamos expandir. Temos programa de bolsas, cursos noturnos. Vamos formular o projeto, votá-lo no Conselho Universitário e enviar ao MEC. Com os recursos do Reuni, vamos consolidar o que já temos.
Qual o balanço dos seus sete meses como reitor? SALLES: Positivo. Fizemos parcerias com a Faperj e com a Finep para pesquisas. Com a Petrobras, temos projetos no valor de R$ 41 milhões, em áreas de engenharia, geoquímica, geologia.
Quais os desafios da UFF? SALLES: Queremos mais parcerias, modernizar a universidade. Quando assumi, estávamos em 11º lugar no ranking da Capes. Vamos melhorar. |