Extra  -  Geral  -  pg. 03  -   28/6
Na sala, aula de superação
Eliane Maria

Estudantes que ingressam pelo sistema de cotas são menos reprovados por frequência
 
 

RIO - Allyson Andrade da Silva, de 20 anos, do 5º período de engenharia elétrica, e Patrícia Coutinho Rangel da Silva, de 21, do 5º período de história, são o exemplo do perfil mostrado pelas primeiras estatísticas sobre estudantes cotistas nas universidades estaduais do Rio. Alunos da Universidade do Estado do Rio  de Janeiro (Uerj), os dois se conheceram num cursinho pré-vestibular e hoje têm de conciliar estudos e trabalho com a dedicação ao filho Lucas, nascido há 6 meses. Apesar da tripla jornada, nenhum dos dois cogita abandonar a faculdade ou relaxar na freqüência.
Dados divulgados pela própria Uerj apontam a mesma tendência entre os alunos cotistas em 2003, primeiro ano da ação afirmativa no estado. Nos cursos do Centro de Tecnologia e Ciências (CTC), eles eram mais reprovados por nota, se comparados com não cotistas (22% contra 15%). Entretanto, estão entre os menos reprovados por faltas (13% contra 17%).

Jeitinho para estudar
Técnico em eletrônica, Allyson sai de casa, em Realengo, às 5h, e trabalha das 7h às 18h numa empresa que conserta equipamentos hospitalares, no Centro. De lá, segue para o campus Maracanã, da Uerj, onde estuda até as 22horas.
_ Tenho amogos que passam o dia na faculdade. Se eu fizer isso, não como. A bolsa de R$ 190 só é oferecida no promeiro ano e não paga todas as despesas. Então, conto minha história triste para os professores e depois faço as provas _ explica Allyson, que entrou pela cota para negros.
Patrícia benefeciada pela reserva para alunos de rede pública, estuda de manhã e trabalha como operadora de telemarketing das 15h às 22h.
_ Minha ma~e e minha sogra se revesam para tomar conta do Lucas, mas penso em parar de trabalhar por umperíodo para antecipar minha formatura - diz a estudante.
Na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro(Uenf), em Campos, a evasão dos cotistas é menor que a dos demais estudantes:
_ O aluno cotista não deixa nada a desejar em relação aos outros nas notas e se dedica mais - diz o reitor da Uenf, Almy Junior Cordeiro de Carvalho.

Vagas reservadas em ensino a distância

A oportunidade para o servidor municipal Sidnei da Silva Henrique entrar na faculdade chegou aos 41 anos, sem a necessidade de perder horas dentro de um ônibus. Morador de Itaguai, ele foi aprovado para o curso de química da Uenf, por meio do Centro de Educação Superior a Distância do Rio (Cederj). A iniciativa reúne em consórcio as seis universidades públicas do estado. Nas estaduais (Uerj e Uenf). os alunos podem ingressar pelas cotas, sem ajuda financeira.
_ Trabalho numa escola das 10h às 17h30m e tive que arrumar um horário para estudar. Acordo às 5h e vou para o quartinho, onde fico até as 7h, 7h30m. Minha esposa nem me ver levantar - conta ele, que tem dois filhos: Pedro, de 4 anos, e Gabriel de 9.

Muita disciplina

Único entre oito irmãos a fazer faculdade, Sidnei diz que as pessoas têm uma visão equivocada do sistema de ensino a distância.

_Pensam que é fácil porque não precisa assistir às aulas todo dia, mas é necessário muita disciplina para aprender cálculo sozinho - diz Sidnei, que estuda no pólo de Paracambi, na Baixada Fluminense.

Diretora acadêmica do Cederj, Masako Masuda ressalta que o modelo exige frequência:

_ O curso de química tem 75% de aulas práticas, que têm que ser assistidas.

 

 

 

 

 

 


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