Estado de São Paulo  -  Vida&  -  pg. A16  -   29/5
Gêmeo idêntico barrado em cota
Lisandra Paraguassú, BRASÍLIA

Para UnB, Alex é negro, mas seu irmão, Alan, não

Os gêmeos Alan e Alex Teixeira da Cunha, univitelinos, sempre foram considerados idênticos por todos que os conhecem.

Mas isso não foi o suficiente para a Universidade de Brasília (UnB). Candidatos ao sistema de cotas para negros da instituição - que define por meio de uma foto quem se encaixa ou não no critério de raça - Alan foi considerado negro. Alex, não.

O sistema de cotas na UnB, ao contrário da maior parte dos existentes no País, leva em conta apenas a cor, não a situação financeira do candidato. Na hora da inscrição no vestibular, o candidato a uma das vagas pelo sistema precisa tirar uma foto, que é anexada à documentação. A foto é analisada por uma banca, que decide quem é ou não negro.

Filhos de pai negro e mãe branca, formados a partir do mesmo óvulo, os gêmeos Alan e Alex sempre foram confundidos um com o outro.

Na hora de se candidatar a uma vaga no vestibular, Alan escolheu Educação Física e Alex, Nutrição.

Nenhum dos dois têm convicção de que o sistema de cotas é bom, mas ambos decidiram tentar porque a nota de corte nas duas áreas é menor entre os cotistas do que entre os demais alunos.

“Acho que precisa levar em conta é a renda da pessoa. Tinha de ser mais para quem precisa”, diz Alan. “O que aconteceu só mostra que não funciona.”

Alex entrou com recurso na banca da UnB e espera o resultado para quinta-feira. Ainda não pensou o que vai acontecer, se for negado. “Acho que não vai ser. Não tem como, não é?”


Topo     Imprimir      Volta